Fazer duas vezes
ou três, ou quatro, ou quinze…
Esses dias o Gabriel falou uma coisa que foi quase um tapa na cara, mas eu provavelmente mereci. Estava sofrendo para aceitar que teria que refazer uma pintura que tinha dado mais certo na minha cabeça do que no papel. Só que ela já tinha me dado um tanto de trabalho, eu já tinha perdido um certo tempo, e o fato de ainda não estar boa soava como um enorme fracasso; um sinal de que eu estava totalmente enganada e de que nada ia dar certo naquele projeto inteiro. Então, ele falou: “Ué, você sempre reescreve seus textos quinhentas vezes e não acha ruim. Por que com a ilustração seria diferente?”
Ora, é claro que é diferente! Porque… é… Por que mesmo?
Será porque eu acho que “ser profissional” significa fazer perfeito na primeira tentativa? Porque os vídeos na internet sempre mostram uma única versão do começo ao fim, sem refações? Ou porque eu tenho medo de que, ao refazer, o desenho não fique tão bom quanto da primeira vez (porque, obviamente, ficar bom foi só um acidente)?
Acontece que, se eu olhar para alguns dos meus melhores trabalhos, todos tiveram várias versões até chegar na “agora_sim_é_essa_valendo”. E em alguns casos eu tinha adorado a primeira versão, mas a última ficou melhor. E o motivo é meio óbvio, mas não custa relembrar: quanto mais a gente repete uma coisa, mais a gente se familiariza com ela. No caso do desenho ou da pintura, isso significa que, ao refazer, a gente vai se acostumando às linhas, às formas gerais, e consegue se concentrar em detalhes que à primeira vista passaram batidos. A cada versão, a gente tem uma desculpa pra experimentar algo um pouco diferente, e assim vai testando os limites do que nos é confortável até sair da caixinha, ou pelo menos abrir uma janelinha esquisita nela.
Isso conversa com o que um professor uma vez disse na aula de ilustração: “você fez uma vez, você consegue fazer de novo”. Ou algo assim, suspeito que as palavras não tenham sido bem essas. Mas a ideia era que, se alguma coisa deu tão errado no seu desenho que você não vai conseguir consertar, tudo bem! É só fazer outro. Ou seja: deixe de ser preguiçoso e de choramingar; você já tem tudo o que precisa pra tentar de novo.
Aliás, “tentar” não é a palavra — pensemos nisso como “editar”. Se no texto a gente vai escrevendo, apagando, acrescentando um conectivo, trocando a frase de lugar, reescrevendo um parágrafo inteiro; e se no final a gente relê tudo e muda mais um pouco até ficar satisfeito, então no desenho também podemos ir e voltar quantas vezes for necessário. A diferença, no meu caso que sou adepta das técnicas manuais, é que refazer leva um pouquinho mais de tempo e gasta mais material. Mas, no fundo? É tudo edição. E é só mais uma parte, como qualquer outra, do trabalho.


Lojinha no ar
(De novo, mas dessa vez valendo!)
Esta semana terminei de configurar minha loja online, agora com todos os produtos que levei nas últimas feiras, incluindo prints, quadros, cadernos, marca-páginas, tags para presentes e calendários 2026.
Convido vocês a conhecerem meu catálogo e, quem sabe, já irem pensando nos presentes de Natal! ; )
Ah! Esta semana estarei em Bragança até domingo, então as compras feitas a partir de amanhã serão enviadas na semana que vem, tá?
Espero que gostem:
É isso por hoje!
Obrigada por me acompanharem até aqui, e vejo vocês na semana que vem!




como diz o ditado, a prática leva à perfeição. 😊